Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Diário online do ator Márcio Ramos - relatos, pensamentos, agenda, críticas...

domingo, 10 de julho de 2011

Continuando os ensaios

Depois da parada com os ensaios do Fauno, devido minha otite - inflamação aguda no ouvido direito (segundo a Candy Valduga, isso dá em pobre que nunca pegou avião...rs), é hora de seguir com o trabalho.

Essa semana conheci um professor de "parkour", que trabalha no Espaço Multicultural, e conversando com ele sobre resistência física e essas coisas, combinei de marcar aulas particulares com ele para eu ganhar mais domínio no meu corpo, nos membros inferiores - visto que o Fauno é trabalhado com as pernas totalmente flexionadas, e depois dos dois ultimos ensaios, fiquei quase duas semanas sentindo dor no joelho p/ subir escadas. Então esse é um novo compromisso que assumo, para reforçar a qualidade do projeto.

Também conversei com a cantora Tita Sachett sobre a flauta peruana - que eu e a Ana compramos lá em Ouro Preto - e que tocarei durante o espetáculo. Troquei dicar com a Tita sobre como tocar esse tipo de flauta e o conselho foi, primeiramente, adquirir segurança e prática na embocadura da flauta, p/ dominar o som. Depois irei estudar a melodia do som. Na hora, até pratiquei com ela numa garrafa e já entendi a "pegada" p/ sair o som.

No momento, enquanto meu ouvido não volta a funcionar, irei treinar essas duas coisas:
*Parkour, p/ resistência dos joelhos;
*Aprender a tocar flauta peruana.

E quinta-feira retomarei meus ensaios com a Tefa Polidoro, assistênte de direção da peça, e na sexta sigo o trabalho com a Ana Fuchs, diretora.

TENHO QUE DECORAR O TEXTO!!!!! As 03 primeiras páginas já estão quase na ponta da língua, agora faltam mais 07 páginas... Bora trabalhar!!!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Se a montanha não vai até Maomé...

Chegou a hora de colocar um ponto final numa história que, durante um determinado tempo foi muito bonita.
É engraçado como as coisas mudam, as pessoas mudam, o trabalho muda... E daí aquilo que um dia fez sentido e era ótimo, hoje não é mais. Para alguns pode ser ainda, mas esse é um blog com pensamentos meus, então não vou ficar colocando a versão dos outros.
Talvez só eu tenha mudado - espero que não, ainda acredito na evolução.
Mas o mais chato de tudo é quando amizades ficam desgastadas. Quando confiamos o nosso melhor para algumas pessoas e, devido essas mudanças inevitáveis, essas mesmas pessoas passam a não nos olhar mais.
Bem, eu não chamaria isso de evolução... Mas cada um sabe o que é melhor p/ si. Cada um tem seu tempo.

Sabe aquela história de que podemos receber mil elogios, mas se UMA pessoa aparece e te critica negativamente, esquecemos aqueles mil elogios e passamos a considerar apenas uma única crítica? Já passaram por isso, acredito.

Pois bem, e o que acontece quando temos umas mil lembranças maravilhosas, mas daí aparecem meia dúzia de desentendimentos, fofoquinhas, picuinhas, infantilidades? Será que elas destruirão essas mil lembranças maravilhosas?

Acho que não. Mas tbm sei que não dá p/ ficar vivendo de memória... Quero olhar pra frente, mais do que nunca.

Conheci muita gente legal. Renovei e fortaleci amizades já existentes. Aprendi MUITO!!!
Hora de dizer tchau - como diriam os Teletubies!

Hoje eu me desliguei por completo da Cia2 - Grupo de Teatro. Não queria me desligar de algumas pessoas ali dentro...são muito importantes p/ mim. Mas p/ isso existem os cafés de fim de tarde, as reuniões na casa de outros, eventuais festinhas... O trabalho segue num caminho diferente. O meu, pelo menos.

Saio por vontade própria, não por discussão ou coisa parecida.
Saio por diferenças de trabalho, de tratamento a arte, ao teatro, ao que temos a aprender, a pesquisar, a desenvolver. Não quero fazer teatro de final de semana.
O meu maior estímulo, dentro do teatro, foi sempre aprender coisas novas, descobrir possibilidades incríveis... Mas tudo isso dentro de uma estética, de um modo, de uma linguagem. E dentro de cada uma, descobrir suas váááárias particularidades.
Quero voltar a ser aluno, a ouvir - e com respeito (mesmo que o que eu ouça seja contra meus conhecimentos - mas graças a Deus sei me colocar no meu lugar).

Desejo boa sorte para os que ficam naquela casa.
Eu, neste exato momento, oficializo minha vida artística de cigano!!!
Boa sorte para mim!!! hehehehe...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

As Aves

Paradas. Perdendo o sentido. Sendo o que elas não são. Não usando tudo que lhes faz, elas.
Voando. Ganhando altitude. Pertencendo, sendo.
Viva, em transição.
Mas esse frio me congela, faz criar raízes em meus membros inferiores, onde, em qualquer lugar que eu encoste, vira meu lugar. Eu descanso. Eu desmorono.
Ali, parado, imóvel, o vento sopra.
Me sinto uma árvore seca, sem folhas para dançar com o ar em movimento.
Ali, parado, imóvel, chove e choro.

Minhas lágrimas alimentam o solo seco que me prende neste eco de sensações.
Minhas lágrimas alimentam o solo seco que me prende neste seco de emoções.
Minhas lágrimas alimentam o solo oco que me prende neste solo seco.
Minhas lágrimas secam neste solo seco, oco de vida.

Faz tempo que não vou ao céu. Que não voo ao céu.
Faz tempo que não rezo.
Faz tempo que não ouço aves.
Faz tempo que não rezo "Aves...".
Faz tempo que não sou uma ave.

Espero o tempo decidir uma nova estação amigável, onde pessoas não esperarão meu olhar.
Onde criaturas surgirão dos quatro céus, atrás das quatro luas e do sol e seu amante, o solo.
Aqui já estarei embriagado pelo medo, e rimarei o amante do sol com a sola de meus pés, que há anos não vejo. Estão enterrados neste solo seco, velho.

Há anos não me sinto virgem.
Há anos não me vejo com um olhar puro.
Há anos não sei mais quem sou. Só sou. Só faço. Só repito.
Repito gestos que já executei. Imito coisas que eu já fiz. Tento me superar.
O eu de antes era mais puro, mais verdadeiro.
Já fui virgem em minha essência.
Hoje sou um olho comum, cheio de conservantes.

Mas aqui, onde eu já faço parte dessa imagem cinzenta, cheia de ilusões, onde as ilusões são as coisas mais reais que existem, sei que voarei.
Sei que voltarei a ser pássaro.
Sei que retornarei ao princípio de tudo.
Não me preocupo se retornarei como um ovo ou como uma galinha.
Existem mentes mais superiores que se preocuparão com isso, confio nelas.
Só sei que hoje, o que sei já não basta.
Só sei que um dia, perto, voarei.
Nesse dia eu irei olhar para baixo e encontrar meus pés presos na terra seca.
Nesse dia eu retornarei a terra seca para, sozinho, com meu bico, cutucar a terra e cavar meus pés dessa escuridão.
Pés que já não serão mais meus.
Mas o Mundo dá voltas.
Nesse dia em que poderei voar, não voarei.
http://www.4shared.com/audio/fqFNbac7/Kingdom_Hearts_-_Birth_By_Slee.htm
 (Texto: Márcio Ramos)

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Amostra Grátis" no Galpão Cine Horto - MG

Como eu já havia comentado aqui no blog, no dia 23/06 eu viajei para Belo Horizonte com a cena "Amostra Grátis" de Ana Fuchs, juntamente com o Juarez Barazetti, para participarmos do "Festival Cenas Curtas", realizando pelo Grupo Galpão Cine Horto.

O Festival funcionava da seguinte maneira: quatro cenas concorrentes se apresentavam por dia - de quinta até domingo - e no final de cada dia a platéia votava na melhor cena. Entre uma cena e outra, o clima de celebração e festividade era enorme. As pessoas que trabalham no Galpão Cine Horto se fantasiavam e vendiam cerveja, bebidas, pipoca, amendoim no maior clima de "feira popular", era muito contagiante. Chegamos a comentar se aquilo não atrapalharia a concentração na hora da apresentação das cenas, mas isso nunca ocorria. Bastava a organização anunciar a cena seguinte que o silêncio era imediato. Assistimos uma variedade de linguagens teatrais, experimentos, performances - em sua maioria eram trabalhos muito fortes (nem sempre bons, na minha opinião), mas nunca deixavam de ser fortes naquilo que estavam propondo ser em cena.

No sábado era a vez da Ana se apresentar, fomos os últimos da noite.
Nos outros dias que assistimos, percebemos que quando o público gostava muito de uma determinada cena eles batiam com força os pés no chão. Era um "plus", além das palmas, como se dissessem: "Vcs foram os melhores da noite". Estávamos mais preocupados com o funcionamento da cena, mas tbm estávamos antenados p/ ver com quem o público iria reagir mais.
Quando a Ana começou a se apresentar, criou um estado de "suspensão mágica" em cena. Não importava mais o erro, o acerto... havia algo de diferente no trabalho da palhaça Dona Generosa. Dito e feito, além dos aplausos, ganhamos as batidas fortes com os pés.

Até esse dia da apresentação da Ana, no festival, nós andávamos normalmente pelas pessoas, éramos pessoas completamente desconhecidas. Depois da apresentação da Ana, parecia que eu e o Jua acompanhávamos uma celebridade. As pessoas de lá realmente se conectaram com o trabalho e humildemente queria parabenizar o trabalho. O diferencial é que eram muitas pessoas fazendo isso. O tempo todo. Era bem engraçado, algo que nem eu, nem o Jua, nem a Ana havíamos vivenciado.

No domingo de noite aconteceu a festa de encerramento e juntamente o resultado das melhores cenas votadas pelo público. A melhor cena de cada dia iria retornar na semana seguinte para se apresentarem de quinta até domingo. E como já era de se esperar, a Ana foi selecionada!

Aqui a loucura começou!!!

 Depois de passarmos cinco dias fora, ausentes de nossas famílias e em nossos trabalhos aqui em Caxias, iríamos repetir a dose na semana seguinte. Mas não dava para ignorar uma oportunidade dessas.
Estávamos sendo selecionados para retornar e nos apresentarmos no espaço cultural, mantido pelo Grupo Galpão que, na minha opinião, é um dos maiores grupos de teatro de Brasil!
Lá fomos nós novamente, dessa vez sem a companhia do Jua.

Como agora a Ana iria se apresentar sempre com os mesmos grupos - os outros selecionados dos outros dias do Festival - começamos a nos enturmar mais. Aqui começamos a criar os elos e amizades - essas trocas que são as melhores coisas dos festivais.
Conhecemos pessoas muito queridas, verdadeiras, loucas... De tudo um pouco.
Era um clima de camaradagem - um torcendo para a cena do outro ser melhor que nos dia seguinte.
No último dia tivemos duas surpresas:
*O elenco do Grupo Galpão foi assistir as cenas e no final conversou um pouco com nós (eu recém havia assistido eles com a peça "Tio Vânia", em Caxias, na mesma semana).
*A confirmação de que todas as melhores cenas irão participar de outro "Cenas Curtas" em Goiania - GO, em Setembro.

De toda essa experiência, me resta a imagem de uma mulher baixinha (porém gigante em outros aspectos) que acreditou em seu trabalho, buscou novos caminhos e fez eles acontecerem. Num local totalmente desconhecido, sem nenhum amigo na platéia, confiou em seu ofício e foi conquistando as pessoas, noite pós noite. Não me impressionou tanto o resultado totalmente positivo que a Ana teve. O que mais me impressionou foi sua coragem. Ela deu a cara a tapa e, felizmente, só recebeu beijos e abraços.

Fiquei muito feliz em participar dessa experiência com ela e com os outros grupos.