Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Diário online do ator Márcio Ramos - relatos, pensamentos, agenda, críticas...

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

II MOSTRA DOS ALUNOS DO TEATRO MOINHO DA ESTAÇÃO

Em 2013 iniciei o curso livre de teatro no TME - Teatro Moinho da Estação, com duração de 10 meses. O trabalho foi desenvolvido entre duas turmas adultas, uma que ocorre na segunda-feira e outra na quinta-feira.
As duas turmas são mistas, possuem alunos que já trabalharam com outros professores, pessoas que já haviam trabalhado comigo em outros cursos e um grande número de iniciantes, uma galera que está começando sua trajetória teatral.

O curso foi segmentado em dois momentos: o 1º semestre voltado para prática, desenvolvimento, treino e jogo - enraizar, crescer e compartilhar. E o 2º semestre a proposta era a montagem de um trabalho teatral - definição, argumento, estruturação, ensaio, repetição e apresentação.

Após o primeiro semestre de aula, no final de julho entreguei uma proposta de encenação para as turmas, onde o trabalho de uma turma iria complementar o da outra. Os alunos toparam e em agosto iniciamos nossa jornada em busca da Mulher, do Homem e do Guarda-Roupa...

Foram diversas etapas desenvolvidas neste processo, mas destaco aqui o momento onde conversamos muito sobre o que é arte e cultura, quais suas funções e o que queremos/pretendemos com elas. Assim, nos guiando pelo pré-roteiro que eu havia determinado, iniciamos um momento crucial para o trabalho - a exploração das ideias! Em círculo, nosso maior objetivo era falar. Falar sobre. Colocar os diferentes argumentos na mesa e encontrar formas de ligá-los. Não foi uma tarefa fácil, pois muitas vezes eu notava alguns alunos com opiniões e formações que iam completamente contra as minhas opiniões e formação. E aqui está a beleza de trabalhar com o teatro - conseguimos conviver juntos, mesmo com a adversidade. Aliás, é ela que torna tudo mais bonito e interessante.

Após esse momento, levantamos material de pesquisa para, paralelamente, voltarmos a sala de ensaio e improvisar estes assuntos. Utilizar o que foi desenvolvido no primeiro semestre como um condutor destas diferentes formas de teatralidade. Alguns grupos mergulharam numa abordagem cômica, outros desenvolveram um aspecto mais poético, outros necessitaram de um empurrão meu para descobrirem que caminho seguiriam. Assim, me baseando nas improvisações dos alunos, nas energias que estes grupos produziam ao estarem juntos e no pré-roteiro, iniciei a composição dos textos.

Escrevo pensando nos atores que irão interpretá-los, facilita muito. Na minha mente imagino aquele aluno/ator improvisando uma cena e, guiado por esta imagem, eu escrevo, eu improviso. Por breves momentos eu tento ser eles. Utilizo os argumentos deles, aquilo que eles pesquisaram, falaram, pensaram, brincaram. Tudo vira imagem arquivada que eu acesso, uso, jogo, troco e viro do avesso.

Foram criadas quatro esquetes: "O Conselho das Deusas", "A Primeira Guerra", "Conto de Caças" e "Mamãe, eu sou...". Então, no início de setembro, começamos a construção destas cenas.
Meu maior desafio foi dividir cada turma em duas turmas - criando assim quatro grupos. Em cada aula eu precisava me dedicar, me dividir entre duas atmosferas diferentes. Por vezes os alunos se sentiam sozinhos, nos momentos onde eu necessitava de um olhar mais preciso para o outro grupo. Por outro lado, desenvolvi neles a capacidade de controle do seu próprio trabalho. Não necessitar de alguém, o tempo todo, mandando, guiando, empurrando. Ser livre para criar!

A direção das cenas foi basicamente o mesmo processo - pelo pouco tempo restante, eu desenvolvi com cada grupo o esqueleto, a estrutura de marcação que estaria presente na encenação. Após, buscamos a criação destes personagens e como que eles utilizariam daquelas estruturas na cena.

Todo esse projeto, que ainda está em processo de construção, é extremamente significativo para mim.
Seria muito mais fácil escolher textos prontos, reproduzir trabalhos já encenados, seguir uma linha já testada e segura. Mas o sabor em ver o aluno se tornando um ator que atua, descobrindo em si potencialidades que ele nem imaginava, notando que ele cuida com unhas e dentes deste material, pois foi ele quem ajudou a construí-lo - ele sabe cada tijolo, cada argamassa, cada componente presente - sendo ele peça fundamental para tudo isso acontecer.

A cada um dos alunos: Duda, Letícia, Greice, Gisi, Ketlim, Vivian, Wagner, João, César, Rui, Bárbara, Lilian, Priscila, Júlia, Carolina, Wéllington, Jhonas, Tailine, Jéssica e Cristina - MUITO OBRIGADO!!!

Agendem: 17 DE NOVEMBRO, DOMINGO, ÀS 20H, NO TEATRO MUNICIPAL PEDRO PARENTI.

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