Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Diário online do ator Márcio Ramos - relatos, pensamentos, agenda, críticas...

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

2012 para 2013 para 2014...

Hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou....
OK! Não é pra tanto.

Fim de ano chegando e 2013 se concretiza como mais um ano positivo na minha pequena trajetória.
Um monte de coisas maravilhosas aconteceram, outras não superaram minha expectativa e algumas poucas vezes tive que me retirar, pois descobrimos que com o passar dos anos não pertencemos aos locais que um ano antes considerávamos nossa casa.

Coisas boas e coisas ruins. Encontrei muita gente nova, fiz novas amizades, solidifiquei outras... E, como nem tudo é sol, mar e água de coco, tive meus momentos de desencontros e separações.

No campo profissional, foi uma solidificação dos anos anteriores... Desde 2011 venho caminhando com minhas próprias pernas, me reconstruindo, me reencontrando, me recolocando constantemente. E tem sido muito bom, um aprendizado constante.

Neste ano pude voltar a estudar, algo que fazia muito tempo que sentia vontade - mas nem sempre encontrava tempo ou condições. Comecei o ano participando do curso intensivo oferecido pelo Teatro do Encontro, com o foco no trabalho da voz e do corpo com os ministrantes Kátia Salib, Tefa Polidoro e Rafael Salib. Logo após veio a oficina de clown e os estados de jogo, com a Ana Fuchs. Depois tude participar de três aulas do curso oferecido pela argentina Ana Wolf sobre o treinamento do ator. Também iniciei o curso de Formação em Agentes Culturais, que ocorreu durante 4 meses com aulas todas as semanas, falando sobre arte, cultura, sociedade, história, economia e sustentabilidade. Ainda participei de três módulos do Modo Operativo And, ministrado pelo coreógrafo de Portugal João Fiadeiro - que simplesmente abriu minha mente para possibilidades infinitas - sobre o processo de criação (dentro e fora dele mesmo). Tive também todo o processo de orientação em Commedia Del´arte, conduzido pelo Fábio Cuelli, que foi um universo novo que se abriu no meu processo como ator. E após toda essa produção de conhecimento, me inscrevi para o curso de Pedagogia na Faculdade Anhanguera, que iniciarei em março de 2014!

No campo de produção teatral, tive a oportunidade de desenvolver diversos trabalhos antigos e novos. Comecei o ano apresentando O FAUNO na 1ª Mostra de Monólogos de Caxias do Sul, seguindo em mais duas temporadas independentes no Teatro Moinho da Estação e finalizando com a participação no 15º Caxias em Cena. Também teve a sequência do trabalho com o Grupo Teatro Sem Cortina, com duas temporadas da peça PERTURBADORAMENTE VIVOS, em dois formatos completamente diferentes, além de uma apresentação no Ponto de Cultura Teia Cultural, no bairro Kayser, como forma de descentralização do nosso trabalho independente. Neste meio tempo, tive a oportunidade de construir a peça OS POR FORA DA COUSA, apresentando no Teatro do Encontro e na Casa da Cultura. Além destes projetos, participei como ator convidado do projeto COMUNIDADE EM CONCERTO NAS ESCOLAS - QUIMETAIS, apresentando em oito escolas da rede pública de Caxias do Sul. E para emendar 2013 com 2014, recentemente iniciei o processo de construção da peça FORÇA DO HÁBITO, que será apresentada no início de 2014.

Como professor, orientador, ministrante, oficineiro, monitor - seja o nome que for dado - meu trabalho como condução de metodologias do processo do ator no aprendizado de crianças, adolescentes e adultos também teve muita produção de conhecimento da parte dos alunos e da minha parte, pois não sei dar aula sem constantemente reconfigurar o que eu sei, o que eu conheço e o que eu vivencio - e reaprender junto! Trabalhei com duas turmas adultas no TEATRO MOINHO DA ESTAÇÃO, apresentando a peça de teatro A MULHER, O HOMEM E O GUARDA-ROUPA, levando esse trabalho para o palco da Casa da Cultura, na programação do 2º FALF - Festival de Arte Livre de Farroupilha, 3ª Virada Cultural de Flores da Cunha e no próprio Teatro Moinho da Estação, em sessão dupla. Também realizei as oficinas das atividades extra-curriculares no Colégio La Salle Caxias, apresentando as esquetes teatrais DIÁLOGOS e ANOITECER, com crianças e adolescentes. E ainda tive um trabalho de março até outubro, com crianças e adolescentes da rede pública, ministrando aulas de teatro.

Ainda desenvolvo um processo que é uma espécie de quebra-cabeça, muitas atividades que se complementam, mas ainda não priorizam que nenhuma realmente tome o foco central e se desenvolva por completo. As aulas eu consigo focalizar e desenvolver todo o processo com a qualidade que eu acredito e que é necessária. Mas não é um emprego fixo - quando chegam as férias eu não "tiro férias", mas sim "fico desempregado". São estas pegadinhas que ainda não consigo encontrar uma solução.

Para 2014 planejo apenas a montagem do projeto FORÇA DO HÁBITO, um novo projeto com o TEATRO SEM CORTINA e seguir com muitas temporadas do OS POR FORA DA COUSA, COMUNIDADE EM CONCERTO, O FAUNO, retorno do IN HEAVEN, se possível.
Também já tenho em vista dois cursos de manutenção do meu trabalho de ator, com profissionais internacionais.

Espero que 2014 seja essa transição entre SEMEAR E COLHER.
Mas o mais importante é saber que trabalho com arte se constrói, se produz, se planeja... Nada cai do céu!
Teatro é Trabalho - e isso já é uma vitória!!!













quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

OS POR FORA DA COUSA na Casa da Cultura

Esta semana retornamos com a peça OS POR FORA DA COUSA, no Teatro Municipal Pedro Parenti, para duas novas sessões.
Nos dias 05/12 (quinta-feira) e 08/12 (domingo), sempre às 20h 30min.
Ingressos R$20,00 (meia-entrada para estudantes, sênior e classe artística).

Projeto financiado pelo Prêmio Anual de Incentivo à Montagem Teatral, da Secretaria da Cultura de Caxias do Sul.



Temporada "A Mulher, o Homem e o Guarda-Roupa" - Alunos do TME

Novembro de dezembro está sendo um mês de atividades intensas para os alunos de teatro do Teatro Moinho da Estação.

Estreamos nossa peça "A MULHER, O HOMEM E O GUARDA-ROUPA" no dia 17 de Novembro (domingo), no Teatro Municipal da Casa da Cultura, com o teatro lotado (ok, faltaram 13 pessoas, exatamente, para termos lotação máxima).

Após essa incrível apresentação, seguimos com a seguinte agenda:

*02/12 (segunda-feira) - A MULHER, O HOMEM E O GUARDA-ROUPA participando do 2º FALF - Festival de Arte Livre de Farroupilha, na praça da Matriz, às 19h 10min.

*07/12 (sábado) - A MULHER, O HOMEM E O GUARDA-ROUPA participando do 3º Virada Cultural de Flores da Cunha, em horário alternativo - 00h 50min.

*14/12 (sábado) - A MULHER, O HOMEM E O GUARDA-ROUPA retorna para Caxias do Sul, em sessão dupla no próprio Teatro Moinho da Estação, às 19h e às 21h. Somente 40 ingressos por sessão.  Ingressos: R$10,00 (valor integral do ingresso será doado para alimentação de cães e gatos abandonados)


Quem perdeu, ainda dá tempo de conferir!!!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Eu acho de DANCEI....

Faz muito tempo que não escrevo aqui no blog desabafando coisas e situações... Mas infelizmente as coisas/pessoas são de um amadorismo sem precedentes, que não consigo ficar sem uma reação à altura das ações equivocadas.

O conto que vocês irão ler a seguir é COMPLETAMENTE ficcional SIM. Não é baseado em ABSOLUTAMENTE NADA dos fatos vivenciados por este que vos escreve.

"EU ACHO QUE DANCEI...

Por 04 anos trabalhei em uma instituição onde, em seu nome havia a palavra ESCOLA, fui muito feliz pela oportunidade de um trabalho contínuo com crianças de 08 até adolescentes de 16 anos.
Esta ESCOLA se denominava "ensino livre", com foco neste tipo de CULINÁRIA desenvolvido pelas fusões de ingredientes diferentes e elementos atuais de pesquisas. Eu ministrava aulas de CULINÁRIA - pois é o que eu ensino em todos os locais em que dou aula: "Técnicas de Como Fazer Comida Boa em Casa", né?
Eis que após 3 anos trabalhando ali e fazendo MUITA COMIDA BOA, CASEIRA, SEM AGROTÓXICOS, CONSERVANTES E COM MUITO AMOR (nunca usei Sazon), apareceu uma CHEF DE COZINHA QUE ESTUDOU NO EXTERIOR.
Uh la la!!! Ela veio da FRANÇA - e lá na França tudo era perfeito. Maravilhoso. Essa Chef de Cozinha ficaria encarregada por organizar a ordem das receitas que seriam executadas na MOSTRA DE COMIDAS TÍPICAS DA ESCOLA.
Que bom, essa Chef tinha uma oratória maravilhosa, que incentivou todos os professores, na sua primeira reunião, em tornarem as aulas mais "atrativas e dinâmicas" para as crianças. Após a primeira semana de aula, ouço esta Chef dizer na secretaria da ESCOLA: "Eu não aguentei, logo na primeira aula eu olhei pra uma criança e disse "CALA A BOCA, FICA QUIETA!", pois eu não conseguia dar aula. Estas crianças precisam de limites!" - lembro que logo pensei comigo: "Nossa, como o discurso teórico dela não se aplica nada ao modo prático dela!".
Mas tudo bem, pensei eu - afinal, ela veio da FRANÇA!
Passam alguns meses e esta chef de COZINHA nos informa que a MOSTRA DA ESCOLA no final do ano iria mudar. Não iriamos mostrar receita após receita. Iriamos deixar os elementos/ingredientes se misturarem mais para encontrarmos uma forma diferenciada de exposição do conhecimento adquirido pelos alunos. Pensei na hora: "Mas que maravilha! Eis uma proposta interessante."
Com duas turmas desenvolvi a seguinte atividade:
*Com papel branco sem identificação e canetas da mesma cor, entreguei para cada criança colocar no papel todos seus pensamentos sobre: pq elas comem? pq elas cozinham? pq elas querem fazer comida? que tipo de alimento elas gostam? se um alimento falasse, o que ele iria dizer?...
*Com estas perguntas, solicitei que os alunos soltassem a mente e anotassem todo pensamento que viesse na mente, referente todas as perguntas.
*Nenhum aluno assinou seu trabalho e todos entregaram ele virado para baixo, para que ninguém soubesse quem escreveu cada trabalho.
*Com estes textos, a proposta seria lermos em voz alta e selecionarmos uma frase de cada texto - para criarmos um novo texto fragmentado referente ao MODO DE COZINHAR de cada uma delas.
*Com este novo texto, escrito por todas, com pedacinhos verdadeiros das inquietações mais puras contidas naqueles FRASCOS PEQUENOS contendo QUILOS de conhecimento, iniciamos a composição desta nova receita.
*Com esta nova receita, escrita por todas, separei uma frase para cada aluno. Com esta nova frase eles iriam descobrir cada ingrediente existente naquele pequeno texto - e descobrir maneiras de apresentar aquela RECEITA com sua voz, seu corpo, seu olhar.
*Aqui, cada aluno começou a criar. Cada um com uma orientação minha - a turma A iria usar ingredientes que eles usavam nas outras aulas de CULINÁRIA. - a turma B iria usar ingredientes que eles usam em casa para o momento do lanche.
*Cada aluno criou, repetiu, modificou, brincou, descobriu. Um processo pouco estimulado nos dias atuais - CRIANÇAS QUASE NÃO CRIAM, E QUANDO CRIAM, NA VERDADE IMITAM. Procurei fugir desta formula muito usada. Meu foco era a FORMA de criação, E NÃO A FORMULA para um resultado de simples prazer estético.

Neste momento, em uma nova reunião com a CHEF DE COZINHA QUE ESTUDOU NA FRANÇA, ela nos orientou: "Na MOSTRA DA ESCOLA deste ano iremos abrir as portas da ESCOLA para que os pais realmente vejam o que fazemos nas aulas. Não iremos montar nada, será um processo natural do que já é feito em aula!" - Novamente pensei que esta Chef era realmente muito interessante e nos orientava a fazer aquilo que de fato sempre deveríamos fazer. O foco seria o processo verdadeiro e não um objetivo manipulado.

Continuando as aulas de CULINÁRIA...

*As crianças se mostravam extremamente interessadas no material, mas tímidas por mostrar o que elas criaram. Claro, foi uma RECEITA totalmente criada por elas. É obvio que o modo como elas irão se relacionar com o trabalho será muito mais delicado, POR ISSO DO MEU EXTREMO CUIDADO EM ORIENTAR ELAS. Para o olhar de uma pessoa com o paladar extremamente apurado, pode ser que elas estivessem fazendo algo simples. Para o olhar de uma pessoa com a sensibilidade extremamente apurada, elas estavam aprendendo a se expressar pela primeira vez.

Eis que a CHEF DE COZINHA, ao assistir o material, sem sequer conversar comigo sobre o processo e o objetivo desta RECEITA, começa a interferir no trabalho e dizendo para as crianças:

*Tu fala e eu não te ouço! Tu se mexe e a voz não sai. Tu fala em determinado momento olhando pra trás. Ou é pra ouvir o que elas falam ou não é! Vai, fala de novo! (aluno extremamente tímido e envergonhado) De novo, repete. Coloca a mão pra cima, fala assim nessa hora. Olha pra cá neste momento...

Eu pensava comigo: "Meu Deus...mas o trabalho não serve para isso...esse não é o foco. Não é assim que eu trabalhei com eles. Se fosse pra manipular as crianças assim, eu teria feito isso. A proposta é outra. Qual o motivo desta chef fazer isso?

Então a Chef diz, olhando para mim: "Existe um equívoco muito grande neste trabalho! Ou é para a família ouvir tudo que elas irão falar ou não é pra ouvir nada! Eles não dominam esse trabalho, quando falam usando o corpo a voz fica frágil!"

Daí resolvi interferir: "É frágil pois o processo é de aprendizado. Não estamos trabalhando com profissionais. Nós profissionais sabemos o quão difícil é utilizar a voz e o corpo em sintonia ou em oposição, para apresentarmos nossa RECEITA. Eles estão aprendendo a lidar com isso, é um processo."

A Chef fala: "Tu precisa exigir mais delas. Cobra mais delas. Elas podem muito mais. Isso não é o suficiente. Não posso mostrar isso aos pais." (na frente dos alunos ela destruiu o que eles havia criado, com as palavras rudes da Chef, ela mostrou para as crianças que o que elas criaram não valia de nada.)

Novamente eu interferi, desta vez extremamente indignado: "Os pais possuem sensibilidade para notar que alguns momentos podem estar frágeis, mais cheios de verdade cênica. Se o aluno não fala alto - é ele, presente, vivo, falando dentro da sua condição hoje. Existe beleza nestes momentos também. Além do mais, foi nos orientado que na MOSTRA os pais iriam ver o que fazemos dentro da sala de aula, do processo, por isso conduzi esse trabalho desta forma, o mais verdadeiro possível!"

Eis que a Chef me interrompe: "Preciso de o mínimo de qualidade pra apresentar isso aos pais!"

Encerrei minha tentativa de diálogo ali, pois a Chef conseguiu destruir todo meu processo como professor - na frente dos alunos - em questão de segundos.
Combinei de conversar com a Chef em outro momento.

Dois dias depois, a Chef me encontra no meio da lancheria, que fica junto da ESCOLA, me olha e diz:
"E aí, o que é que tu vai fazer com aquelas crianças, hein? Tu precisa cobrar muito mais delas. Eu estava conversando com fulana de tal...blá blá blá... Tu precisa cobrar mais delas... blá blá blá... Cobra mais destas crianças... blá blá blá... Tu precisa exigir muito mais delas!"
Questionei ela que ela jamais havia entrado em uma aula minha, logo ela não tinha embasamento algum para dizer que eu deveria exigir mais das aulas, ela não poderia jamais falar isso. Falei que durante o processo fui exigente na medida que considerei necessária - afinal eu oriento o trabalho, não é mesmo? Logo, eu sei das capacidades e necessidades particulares do trabalho.
A Chef continua com suas falas maravilhosas: "Em outra aula de outra professora nós ensaiamos teu trabalho e eu disse para as alunas que elas deveriam fazer assim, assado... Tu precisa oferecer instrumentalização para alunas..."
Interrompi ela, questionando o que ela queria dizer com "oferecer instrumentalização para as alunas"? Logo, no meio da lancheria, a Chef de Cozinha que estudou na França, começa a me mostrar como eu deveria dar aula, o que eu deveria fazer... Disse para ela que é um absurdo ela olhar para um professor e dizer que ele precisa oferecer instrumentalização, sendo que esta é a única função do professor. Que ela não tinha conhecimento algum para dizer isso sobre o meu trabalho, muito menos ali no meio da lancheria - e tentei encaminhar a conversa para um local mais reservado.

A Chef relutou e disse que eu não deveria me ofender com o que ela disse, que eu deveria notar que as crianças da ESCOLA parecem possuir "algum retardo" e é minha função exigir mais delas. Que em outro trabalho dela ela proibiu uma aluna de participar de uma apresentação, pois ela era fraca. Que ela só estava tentando manter a qualidade artística do trabalho.

E eu disse: "Pois essa é uma ESCOLA. Tu está tentando preservar o lado artístico, ótimo. E eu, como professor, estou tentando preservar o lado pedagógico. Tu está pensando no resultado e eu no processo. Não estamos falando a mesma língua e não adianta entrarmos em atrito. Vamos continuar essa conversa outro momento, para até mesmo avaliarmos a minha continuidade aqui na ESCOLA."

A Chef fala completamente exaltada, em local público: "Mas esse é o problema do Brasil! Eu estou te oferecendo uma oportunidade para crescer, o conflito serve para isso e tu estás fugindo da tua responsabilidade! Que atitude infantil que tu estás tendo!"

Eu falo, com voz calma: "Só estou analisando que temos modos de trabalho completamente diferentes e o atrito, neste caso, não serve para nada."

Ela retorna a depreciar o Brasil e eu aviso ela que, sim, é nele onde nos encontramos - então é melhor olhar para a realidade daqui!

A situação durante a aula onde ela interferiu de forma amadora e desesperada no trabalho dos meus alunos e aquela conversa, que virou um mini-barraco, foram o suficiente para ir até a secretaria e avisar que eu não iria seguir com as minhas aulas, que eu iria entrar com contato com a Diretora da ESCOLA (que estava viajando, na ocasião) informando meu afastamento, pois naqueles moldes eu não iria continuar a trabalhar.
Eis que de surpresa a Chef aparece na secretaria e inicia o que se tornaria um dos momentos mais absurdos da minha experiência profissional. Ela gritava que eu estava me precipitando, que eu estava tendo uma reação infantil, que minhas atitudes eram de alguém que parou na primeira infância, assim como todo esse país, e por isso nada dá certo no Brasil. Eu perguntava para ela: "Qual o motivo de tu me ofender? Pára de me ofender!" - Ela não me ouvia... Continuava a gritar completamente alterada na ESCOLA que eu era infantil e que eu tinha parado na primeira infância.

Aos gritos dela, virei as costas e me retirei.
Ao chegar em casa, tentei entrar em contato com a Diretora da ESCOLA para informar que toda aquela situação havia ocorrido e que, após aquela situação toda, eu estava me retirando da ESCOLA. Como não consegui falar por telefone, enviei um e-mail que serve como *Registro Nº 1.

Combinei com a Diretora que, após o retorno dela, nós iriamos combinar um café para conversarmos.
Duas semanas depois, finalmente conseguimos marcar nossa reunião.
O que eu presenciei foi relato, após relato, após relato, de diversas situações onde a Chef já havia "surtado" (não são palavras minhas) com diversas pessoas, até mesmo com ela. Que ela era assim. Que infelizmente a situação, novamente com ela, havia saído com controle. No meio da conversa ela comentou que a Chef seguiu ensaiando OS TRABALHOS DESENVOLVIDOS POR MIM, e se eu achava legal que as crianças apresentassem na MOSTRA, pois elas estavam tão inseguras em cena.
Falei exatamente assim: "Me surpreende muito que tiveram a atitude de dar continuidade ao trabalho. É obvio que este material não deve ser apresentado. Com a minha saída toda a relação dos alunos para com o material ficou fragilizado. É claro que elas estão inseguras... O material se corrompeu. A minha saída foi um rompimento. A interferência da Chef foi outro rompimento. O material não possui mais nenhum motivo de ser usado. Aliás, é perigoso usar esse material, não é sadio para o desenvolvimento deles, enquanto alunos."

Eis que a Diretora me diz: "Pois é, sabe que pode ser maldade minha, mas achei que era perversidade da Chef querer fazer os alunos se apresentarem com um material frágil e em cena dar tudo errado, para depois dizer que ela estava com a razão de toda a situação!"

Falei que se ela chegou a pensar nisso, mais um motivo para nenhum trabalho meu com os alunos ser usado. Que caso as crianças ficassem tristes, era para ela colocar a culpa em mim e dizer que eu não permitia o uso dos materiais.

Ouvi relatos de que a Chef havia sido pega em flagrante apertando os braços de uma aluna, que a conduta dela seria completamente revista ali na ESCOLA. Que a Chef parecia usar da técnica da intimidação com os outros professores, para interferir no trabalho de todos, etc.... Relatos perigosos de ouvir, por saber que esta pessoa lida com indivíduos em formação. Triste!

Então, aproximadamente uma semana atrás, recebo um e-mail da Diretora, questionando se eu poderia retornar para as aulas, para trabalhar com os alunos e apresentar um dos trabalhos (um terceiro trabalho, não mencionado aqui neste CONTO FICCIONAL) em uma determinada celebração. Eu novamente disse que não havia condições de retomar o trabalho e, neste e-mail *Registro Nº 2, disse:

"...existiu um rompimento no processo. Esse rompimento modificou tudo, todo o trabalho desenvolvido e principalmente a posição dos alunos para com o material. E no meu conhecimento, não é nada saudável revirar essa situação.
Justamente por isso te solicitei que não deixasse as crianças se apresentarem na Mostra. 

Na minha ausência, aliás na minha presença elas já eram encaminhadas por outras pessoas com equívocos de conduta sem precedentes, agora na minha ausência simplesmente não existe condição em achar que esse material possa ser utilizado..."

Tudo resolvido, finalmente.
Eis que, momentos após a apresentação dos alunos na MOSTRA, vejo fotos dos alunos se apresentando com o material que eu havia desenvolvido. O material que havia sido ridiculamente criticado pela Chef. Fotos e mais fotos exatamente daquele material que eu havia solicitado AO VIVO E POR E-MAIL para não ser usado, não ser apresentado. 

Onde fica o cuidado com os alunos? Onde está a coordenadora pedagógica desta ESCOLA? Onde está o respeito para com a minha palavra? Onde fica a ética dos profissionais? Onde os alunos irão chegar, com tanta violência psicológica sendo jogada para cima delas? Até quando estas pessoas agirão assim e sairão livremente sem consequências?

MAS... Graças a nossa realidade, tudo isso é apenas um conto ficcional! 
Imaginem!!! Como pode uma mente criar tanto... não é mesmo?...

Abraços!