Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Diário online do ator Márcio Ramos - relatos, pensamentos, agenda, críticas...

sábado, 26 de abril de 2014

Espaço vazio

Neste ano tive 3 experiências maravilhosas, no que diz respeito ao treino do ator.
Logo nas primeiras semanas do ano, participei do curso ministrado pela atriz Tefa Polidoro, voltado para a pré-expressividade. Em março participei de outro curso com treinamento de ator, com a atriz Lina Della Rocca, um curso voltado para o trabalho da voz e outro curso voltado para o trabalho do treino de ator. E agora em abril participei de outro curso, com a atriz e diretora Ana Wolf, também nestes moldes de treino corporal, mental e vocal.

Primeiramente que é um absurdo como, em cada curso, me sinto um iniciante. O poder que o dia-a-dia tem de moldar nossos corpos e ações da maneira mais cotidiana e, na maior parte das vezes, nada saudável. Como, em cada curso, com o olhar de uma nova professora, descubro cada vez mais uma imensidão de novos lugares dentro do meu corpo, o qual eu necessito de uma constante manutenção.

Chego a forte conclusão que eu enferrujo com mais rapidez que a maioria das pessoas.
Uma semana sem treinar, sem trabalhar determinadas técnicas, é o mesmo que nunca tê-las feito.
Preciso que o treino passe a ser parte do meu cotidiano.
É uma necessidade que sinto, em virtude dos meus próprios trabalhos - a exigência tem sido cada vez maior, o nível de domínio tem sido cada vez mais audacioso e eu comecei a notar em mim, no meu trabalho, minhas limitações, minhas fraquezas, meus vícios. Por um lado é bom ver que tenho um Mundo na minha frente para caminhar e descobrir. Por outro, dá muito medo ver que eu posso "morrer em cena" a qualquer momento.

Como ator, tenho desenvolvido os trabalhos: O Fauno, In Heaven, Os Por Fora da Cousa e agora Força do Hábito - em fase de montagem. Minha ideia é ter esses 04 espetáculos em movimento, vivos, em circulação. No momento, nenhum está acontecendo (somente os ensaios do Força do Hábito), mas e após a estréia?

É necessário criar um sistema de gerenciamento do trabalho do ator e das peças - são duas coisas distintas, mas que necessitam uma da outra. Junto com os treinos, estou me reunindo com uma produtora para desenvolver projetos com um destes trabalhos. A coisa PRECISA começar a funcionar, se não eu vou ir trabalhar nos correios, entregando cartas (caminhando muito e me exercitando junto).

Hoje eu preparei um treino, com base nas coisas que eu mais necessito - algo coeso, nada extravagante.
Sabe quando vamos na academia e precisamos fazer uma ou duas semanas de um treino sem graça, para nos acostumarmos? É assim que irei me programar.

Primeiro fiz uma lista de todos os treinamentos que eu já adquiri e que eu preciso dominar.
Após, separei-os por ordem de: básicos, médio e forte.
O princípio é ter sempre essas três esferas no meu treino.

Eles ocorrerão, em média, antes ou após as minhas aulas, 4 vezes por semana.

Como diz Julia Varley em 'Pedras D'Água - Bloco de Notas de uma Atriz do Odin': "O treino faz a atriz em mim não morrer. Ele me ensina a pensar com os pés."

Bóra lá!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O SUSTO

PENSAMENTO EM PROCESSO: 

O que é *diferente* geralmente não assusta quem é "leigo". Muito pelo contrário. O "leigo" é um livro sem margens, sem espaçamento determinado, sem uma diagramação pré-estipulada. Logo, a *diferença* faz parte do todo e tudo fica no mesmo patamar. Aqui, não falo de gostar ou não gostar, falo apenas de susto e assustados. Somente. O *diferente*, na maioria das vezes, assusta o que reconhece a diferença. Porém, geralmente ele estaciona aí. Reconhece a diferença, mas não se entrega para ela. Fica assustado e prefere colocar o motivo de sua frustração - por não identificar pontos de intersecção dentro de seu conhecimento prévio - no outro, no "produto ou produtor", na *diferença*. E o assustado está tão assustado, que vai além - diz que o "leigo" também vai se assustar, por uma associação nada lógica. Parece que quem comanda, que quem determina, que quem guia: levou um baita susto. E eu fiquei assustado agora... Que loucura!