Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Diário online do ator Márcio Ramos - relatos, pensamentos, agenda, críticas...

sábado, 27 de abril de 2013

"Perturbadoramente Vivos" está chegando...

Uma nova peça de teatro, com minha direção, está prestes a estrear.
Desde agosto de 2012 eu venho trabalhando com um grupo de atores que, primeiramente fizeram aulas de teatro e participaram de uma montagem teatral no Teatro Moinho da Estação, espaço onde mantenho aulas de teatro semanal.

A proposta era remontar um espetáculo teatral que eu havia dirigido em 2008, chamado Paranoia.
O Paranoia trabalhava com mini-monólogos, textos fragmentados, numa cena contemporânea.
Eu gostava e gosto muito ainda daquele trabalho.
Era uma espécie de "stand up comedy" ao contrário, onde todos atores realizavam suas cenas sentados, mas com o auxílio dos demais atores para compor suas cenas individuais.
No início do processo eu alertei os novos atores que eu estava relendo os textos antigos e eu não sentia mais necessidade de levá-los para cena novamente. A função deles já havia sido finalizada. Assim, comecei a escrever novos textos inspirados em "energias corporais" que apareciam nos trabalhos com este novo grupo.
Foi um trabalho realizado em tempo recorde, pois iniciamos os encontros em agosto, apenas em setembro eu entreguei os novos textos, outubro serviu para eu pirar no cabeção e tentarmos diversar abordagens cênicas com os textos e finalmente em novembro estruturamos e apresentamos. Foi uma loucura!
Apresentamos numa estrutura de "Mostra"... um trabalho em construção.
Agora, em 2013, retomamos o trabalho, alguns atores tiveram que sair do trabalho, ficando apenas 06 atores em cena: Eriel Leite, Gabrielle Mendes, Joe Guidini, Ketlim Favero, Louise Pierosan e Victor Witt.
Os nossos encontros seguem com uma energia livre. O que a maioria está propondo é o que determina a atmosfera do ensaio. Eu ainda me percebo em momentos "caxias" querendo correr e trabalhar, trabalhar, organizar, menos risada, mais seriedade... Mas se tem algo que aprendi é que o teatro não precisa ser só assim. Tem momentos para ser assim. Vários momentos... Mas o ensaio é um dos únicos momentos onde deixar a energia do grupo viva é essencial para manter o grupo vivo. Seja na palhaçada, brincadeiras, erros, mas somos feitosa disso também.

Agora, com a nova peça reorganizada, com novos textos e personagens, com uma estética oposta ao antigo Paranoia, decido retirar o nome da antiga peça e rebatizar o novo trabalho como "Perturbadoramente Vivos".
"Aquele é o lugar sagrado deles, daquela sociedade invisível. Não temos a pretensão de dizer o que fazer para melhorar a realidade destes sujeitos, apenas estamos humanizando todos, sem preconceito, para quem sabe - com um toque de humanidade no olhar das pessoas - algo externo comece a mudar...
Palavras, palavras, palavras...
E digo mais, eles são perturbadoramente vivos pois estão muito mais vivos do que nós - que nem agimos mais, só seguimos o fluxo. Lá eles refletem, sofrem, machucam, gritam, fazem rir, dançam... Lá eles vivem, perturbadoramente."

PERTURBADORAMENTE VIVOS estréia dia 25/05.
Sejam todos bem-vindos...

Workshop "Voz Como Instrumento de Expressão"

                              CLIQUE NA IMAGEM PARA VER EM TAMANHO ORIGINAL.

CONTEÚDO PROGRAMADO: Nas propostas apresentadas pelos ministrantes, será desenvolvido o processo de descoberta das potencialidades vocais com total relação de interdependência entre ação e corpo, construindo uma ponte entre voz, fala e canto com o corpo e o movimento. Além de técnicas de respiração, projeção vocal, improvisação, aquecimento corporal e vocal visando o aprimoramento da oratória e da voz cantada, consciência corporal e reconhecimento da sua personalidade vocal.

INFORMAÇÕES adicionais encontram-se no cartaz.

Mini-Temporada de "O FAUNO" no TME

Nos dias 20 e 21/04, sábado e domingo, realizei duas apresentações da peça O FAUNO no Teatro Moinho da Estação.
A sala onde apresentei foi perfeita para a realização da peça, que propõe um espaço cênico intimista.
Fechei mais da metade da sala com lonas pretas, posicionei os holofotes e começamos a pendurar os fios.
Um detalhe diferente foi a utilização de escadas de contrução para compor do cenário. Do lado do TME estão finalizando uma construção, e lá eu peguei 07 escadas de vários tamanhos para distribuir pelo espaço cênico.
Ficou legal, pois consegui utilizar as escadas durante as cenas. Logo no início, eu fiquei no topo de uma escada escondido, para após a entrada de todo público, com as luzes apagadas, começar a tocar a flauta.
Lá do alto eu começava com o texto e ia descendo pela escada (numa posição meio exorcista, mas era o que meu corpo conseguia fazer naquela altura...pois tenho um pouco de medo de altura).
No sábado a apresentação foi super intima, densa, com momentos delicados. Foi bem emotiva, para mim, contar a história do Fauno naquele dia. Em determinado momento tive que parar a história de seu amor por uma ninfa, pois as lagrimas estavam vindo e tomando conta do meu corpo.
Deixei o choro vir e logo retomei com uma energia de amargura, nojo e raiva. É muito interessante, para mim, vivenciar e deixar essas emoções surgirem e deixar elas me guiarem pelo jogo dramático.
Tenho a oportunidade de deixar meus instintos livres... Nem sempre eles me guiam para os melhores caminhos... Mas nem sempre os melhores caminhos são os mais interessantes cênicamente...
Domingo a peça retornou para sua estrutura mais debochada. Eu pratiquei muito uma técnica de kundalini antes das apresentações, e é bem legal ver como a ativação deste chacra mais básico, da criação, sexual, ser aflorado dentro do trabalho.
A única dificuldade foi realizar duas apresentações onde falo durante 1 hora sem parar, com diversas modulações vocais, com uma inflamação na garganta e tomando antibiótico. No segundo dia o corpo já queria descançar e eu não podia perder a energia. No domingo, na parte final da peça, minha voz já demonstrava falhas...pelo seu estado de saúde e pelo uso demasiado... Como é ruim precisar do teu corpo 100% e poder contar apenas com 80% dele... Mas, nosso ofício é feito de momentos assim tbm...

Em breve agendarei novas datas para a peça.