Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Diário online do ator Márcio Ramos - relatos, pensamentos, agenda, críticas...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Desabafo...

Nesse final de semana que passou, apresentamos a peça (E)terno no SESC Caxias.
Vou confessar que a volta aos palcos nesse ano foi um tanto conturbada - mas tudo nos bastidores.
Como é difícil encontrar um local para apresentações com o mínimo de condições para executarmos uma boa apresentação.
Entre chegar no local, no horário combinado, e não encontrar nenhum técnico presente. Ter que esperar quase duas horas para sermos recebido por alguém do local. O técnico não ser experiente na área e não saber quase nada da parte técnica (porém mto disposto a aprender). Entre um choque e outro (sim, pq lá tudo pode dar choque), conseguimos montar o palco. Na hora da venda de ingressos, que seria aberto 2 horas antes p/ venda, a pessoa responsável só apareceu 50min antes da peça começar. Durante a peça acontecia um culto de alguma igreja muito barulhenta (daquelas que acreditam ser necessário gritar para Deus ouvir) no andar de baixo. Sim, alugaram dois espaços distintos para dois eventos no mesmo dia. O complicado é que um deles (o teatro), necessita de silêncio! Na cabine de som e luz ouvíamos mais os "aleluias" do que a atriz no palco. A atriz no palco, mais ouvia os "amém senhor!" do que a reação da platéia.
E para a nossa felicidade, no segundo dia tudo isso se repetiu!!! A pessoa do teatro responsável por acompanhar o grupo não pode ir, daí o técnico do dia anterior chegou mega atrasado (pois nem sabia que deveria ir). Durante a passagem de som e vídeo, o controle do projetor do próprio teatro pára de funcionar. "O que podemos fazer? Existem outras pilhas?"... Jura, né? A solução foi apresentar com um baita ícone de "pause" durante a peça. Ah... e o culto do dia anterior tbm se repetiu! Que bênção!!!
Durante a peça, na cabine de som e luz aparece um senhor segurando um telefone e pedindo por um rapaz que não sei quem era, pois o telefone era pra ele. Nesse momento aviso que estamos em apresentação, que era p/ ele se retirar. Ele insiste. Eu tento ser mais claro no "estamos trabalhando, volte mais tarde!", mas o senhor do telefone não compreende a necessidade de ter silêncio durante uma apresentação de teatro. Claro, ele não trabalha num local que existe um teatro. Para ele se retirar, já que os técnicos da peça tinham que seguir colocando a luz, som e vídeo, decido pedir para ele se retirar (mesmo que tenha sido grosseiro da minha parte). Ele finalmente sai, mas não sem antes bater a porta.

Que lindo!!!

O bom é que somos profissionais. Em nenhum momento deixamos transparecer esses "acidentes" no material que estava sendo apresentado. Mas é triste saber que nós artistas pagamos pelo teatro usado. Pagamos caro, inclusive. Ou melhor, o público paga, pois 20% de seu ingresso é voltado para o local onde apresentamos.

Não merecem os artistas e as platéias melhores palcos???

Enfim... Não escrevo isso para detonar com o local apresentado, nem nada disso. Escrevo para mostrar que existem lugares maravilhosos em Caxias para apresentações (como o próprio SESC, que possui um teatro mega intimista). Mas não existe manutenção. Não existe cuidado. Não existe carinho com quem trabalha nessa área.

Esperamos voltar para esse palco, assim como p/ os outros de Caxias (inclusive os que estavam fechados para uma reforma que não aconteceu, para os que foram reformados e muita mudança não se notou...). Enfim, esperamos notar que o crescimento cênico que procuramos ter também seja almejado pelos espaços públicos e privados Caxias.

Falta muita cultura (de educação) na Cultura!

2 comentários:

  1. não sei se ajuda dizer isso, mass... estive no espetáculo no sábado e nem percebi os "aleluia, irmãos"! eu adorei.

    ResponderExcluir
  2. Realmente Letícia, nós procuramos cuidar disso e percebemos que apenas a lateral do palco e a cabine de som e luz deixavam o som passar, o que atrapalhava totalmente na concentração dos profissionais. Já na platéia, graças a Deus, o silêncio ainda era predominante. Mas imaginem vcs, no lugar da atriz, se concentrando em seu momento de entrega e ouvindo uma missa em seus ouvidos? Difícil, né?

    ResponderExcluir