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Diário online do ator Márcio Ramos - relatos, pensamentos, agenda, críticas...

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Amostra Grátis" no Galpão Cine Horto - MG

Como eu já havia comentado aqui no blog, no dia 23/06 eu viajei para Belo Horizonte com a cena "Amostra Grátis" de Ana Fuchs, juntamente com o Juarez Barazetti, para participarmos do "Festival Cenas Curtas", realizando pelo Grupo Galpão Cine Horto.

O Festival funcionava da seguinte maneira: quatro cenas concorrentes se apresentavam por dia - de quinta até domingo - e no final de cada dia a platéia votava na melhor cena. Entre uma cena e outra, o clima de celebração e festividade era enorme. As pessoas que trabalham no Galpão Cine Horto se fantasiavam e vendiam cerveja, bebidas, pipoca, amendoim no maior clima de "feira popular", era muito contagiante. Chegamos a comentar se aquilo não atrapalharia a concentração na hora da apresentação das cenas, mas isso nunca ocorria. Bastava a organização anunciar a cena seguinte que o silêncio era imediato. Assistimos uma variedade de linguagens teatrais, experimentos, performances - em sua maioria eram trabalhos muito fortes (nem sempre bons, na minha opinião), mas nunca deixavam de ser fortes naquilo que estavam propondo ser em cena.

No sábado era a vez da Ana se apresentar, fomos os últimos da noite.
Nos outros dias que assistimos, percebemos que quando o público gostava muito de uma determinada cena eles batiam com força os pés no chão. Era um "plus", além das palmas, como se dissessem: "Vcs foram os melhores da noite". Estávamos mais preocupados com o funcionamento da cena, mas tbm estávamos antenados p/ ver com quem o público iria reagir mais.
Quando a Ana começou a se apresentar, criou um estado de "suspensão mágica" em cena. Não importava mais o erro, o acerto... havia algo de diferente no trabalho da palhaça Dona Generosa. Dito e feito, além dos aplausos, ganhamos as batidas fortes com os pés.

Até esse dia da apresentação da Ana, no festival, nós andávamos normalmente pelas pessoas, éramos pessoas completamente desconhecidas. Depois da apresentação da Ana, parecia que eu e o Jua acompanhávamos uma celebridade. As pessoas de lá realmente se conectaram com o trabalho e humildemente queria parabenizar o trabalho. O diferencial é que eram muitas pessoas fazendo isso. O tempo todo. Era bem engraçado, algo que nem eu, nem o Jua, nem a Ana havíamos vivenciado.

No domingo de noite aconteceu a festa de encerramento e juntamente o resultado das melhores cenas votadas pelo público. A melhor cena de cada dia iria retornar na semana seguinte para se apresentarem de quinta até domingo. E como já era de se esperar, a Ana foi selecionada!

Aqui a loucura começou!!!

 Depois de passarmos cinco dias fora, ausentes de nossas famílias e em nossos trabalhos aqui em Caxias, iríamos repetir a dose na semana seguinte. Mas não dava para ignorar uma oportunidade dessas.
Estávamos sendo selecionados para retornar e nos apresentarmos no espaço cultural, mantido pelo Grupo Galpão que, na minha opinião, é um dos maiores grupos de teatro de Brasil!
Lá fomos nós novamente, dessa vez sem a companhia do Jua.

Como agora a Ana iria se apresentar sempre com os mesmos grupos - os outros selecionados dos outros dias do Festival - começamos a nos enturmar mais. Aqui começamos a criar os elos e amizades - essas trocas que são as melhores coisas dos festivais.
Conhecemos pessoas muito queridas, verdadeiras, loucas... De tudo um pouco.
Era um clima de camaradagem - um torcendo para a cena do outro ser melhor que nos dia seguinte.
No último dia tivemos duas surpresas:
*O elenco do Grupo Galpão foi assistir as cenas e no final conversou um pouco com nós (eu recém havia assistido eles com a peça "Tio Vânia", em Caxias, na mesma semana).
*A confirmação de que todas as melhores cenas irão participar de outro "Cenas Curtas" em Goiania - GO, em Setembro.

De toda essa experiência, me resta a imagem de uma mulher baixinha (porém gigante em outros aspectos) que acreditou em seu trabalho, buscou novos caminhos e fez eles acontecerem. Num local totalmente desconhecido, sem nenhum amigo na platéia, confiou em seu ofício e foi conquistando as pessoas, noite pós noite. Não me impressionou tanto o resultado totalmente positivo que a Ana teve. O que mais me impressionou foi sua coragem. Ela deu a cara a tapa e, felizmente, só recebeu beijos e abraços.

Fiquei muito feliz em participar dessa experiência com ela e com os outros grupos.

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