Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Diário online do ator Márcio Ramos - relatos, pensamentos, agenda, críticas...

domingo, 5 de junho de 2011

Aquela dorzinha gostosa...

No início desse ano coloquei uma meta que seria voltar a trabalhar mais como ator. Faz tempo que não desenvolvo isso que é o que mais amo.
E graças ao trabalho e as parcerias, estou conseguindo retomar esse ofício!!!
Digo retomar pq durante os dois últimos anos eu fiquei mais em função como professor e diretor de teatro, mas só sou professor e se dirigi alguns espetáculos foi por consequência do desenvolvimento da atuação.

Mas vamos ao que interessa... Quatro dias de trabalho árduo!!! E não adianta, quer trabalhar com teatro? Tem que TRABALHAR! Me admira muito pessoas que desejam tanto o teatro, ou inclusive se consideram "teatreiros", mas não gostam de trabalhar, suar, ensaiar, aprender, ouvir...

E não é fácil suar, aprender, ouvir... Dá medo! Principalmente qdo percebemos que o que sabemos não é suficiente, que precisamos sim do auxilio e do olhos do outro. Daí o medo passa...


Na última quinta-feira voltei a ensaiar "O Fauno", no Espaço Multicultural (novo apoiador da peça, estou usando o espaço deles p/ meus ensaios individuais), e foi bem caótico. Nas últimas semanas eu havia intensificado o trabalho de leitura do texto, p/ tornar cada vez mais "meu" o que está sendo dito, e deixei o trabalho corporal um pouco de lado. NÃO POSSO MAIS FAZER ISSO!!!
Eu passo toda a peça numa posição nada confortável (ainda, pq um dia - antes de setembro - ela será!). Trabalhar o texto é necessário, mas não posso mais deixar o trabalho corporal de lado. Esse mês eu necessito voltar a malhar, pensei até em fazer natação. Preciso tbm aprender a tocar flauta de bambu.
Resumindo, esse ensaio serviu p/ me acordar: SETEMBRO JÁ ESTÁ AÍ!!!


Na sexta de noite fui ensaiar com o pessoal da UEBA Produtos Notáveis, pois o Jonas Picoli e a Aline Zilli me convidaram p/ substituir o ator Rodrigo numa apresentação no Festival Internacional de Londrina. Eu estava mega nervoso pois não consegui decorar o texto. No ensaio, estava eu e a Juliana, outra atriz que também fará outra substituição, começamos com um trabalho de preparação corporal dos personagens e foi muito gostoso. Não conhecia a Juliana, mas durante os exercícios senti uma enorme facilidade de jogo com ela. No olhávamos e dava pra sentir aquela sede de atuar! O Jonas nos preparava na atuação, nos guiando com exercícios que eu não conhecia (ou já havia trabalhado versões deles), mas é mto gostoso conhecer métodos diferentes.
Quando começamos a ensaiar as cenas, a Juliana pegou com uma incrível facilidade e eu - nem tanto!
Bem feito Márcio!!! Não me dediquei totalmente ao decorar o texto, juntou o nervosismo de estar trabalhando com pessoas novas, de querer mostrar qualidade no meu trabalho, com a falta de segurança no texto: confusão total.

Saí de lá mega cansado, triste por não ter demonstrado meu potencial (pelo menos o que eu acho que tenho), mas feliz por começar a me sentir mais enturmado com o pessoal da UEBA.


No sábado de manhã, MUITO FRIO - devo acrescentar - tinha ensaio com a Ana Fuchs para "O Fauno". Fomos até o Centro de Cultura Ordovás ensaiar na sala da "Cia. Municipal de Dança", outro apoiador do projeto, por nos ceder a sala, e começamos os trabalhos.
Começamos organizando nossa agenda final, até a estréia, marcando todos os ensaios. Depois retomamos as cenas iniciais da peça que já estavam prontas.
Eu já estava me dando por vencido, pois meu ultimo ensaio sozinho não consegui relembrar quase nada do material que já estava pronto, e o que lembrei achei extremamente falso e mecânico. Quando eu ia dizer p/ Ana que era bem provável que esse ensaio não fosse render nada - fiquei quieto e parei de pensar.
Quando eu trabalho com a Ana eu funciono melhor quando não penso muito (isso desde o Extremos), sei que posso confiar nela e eu só tenho que fazer de forma verdadeira.
Depois de 10 minutos caminhando agaixado, quase como um homem das cavernas, meu corpo começou a gritar. O suor pingava, literalmente. Não parei!
Quanto mais eu fazia, mais a Ana pedia pra eu baixar mais, fazer mais lento. Mais doia.
Em certo momento senti estar no meu limite corporal, já estava pronto para dizer que eu só conseguia ir até ali, mas daí lembrei que a Ana viajou de Poa até Caxias com o filho dela, de manhã, naquele frio, e eu ia me dar por vencido tão fácil assim? Não!!!
Voltei a parar de pensar - na dor! Me foquei no olhar do personagem, nas sensações dele, tentando já criar algum jogo imaginário entre ele e a platéia. A dor começou a se esconder atrás do prazer em construir a cena.
Terminamos de ensaiar o material que estava pronto e agora mais estruturado, a Ana propõe repassar tudo. Novamente não penso na dificuldade, no suor que tomava toda minha camiseta e com o frio da sala já havia deixado a camiseta molhava e fria... Mas vamos lá! Era só aquecer meu corpo de novo.
Retomamos toda a cena e saímos do ensaio com uma forte sensação de trabalho realizado. Me deu muito mais gás p/ me dedicar TOTALMENTE ao espetáculo.

(Cena de "A Megera Domada" com Aline e Rodrigo)
Cansado e com sono, eu ainda tinha o ensaio de tarde com a UEBA, para passarmos a peça "A Megera Domada" (direção de Jessé de Oliveira) com todo elenco. O pessoal todo é muito querido, muito receptivo, me senti confortável para trabalhar - afinal é sempre chato quando precisamos trabalhar com pessoas que "a energia não bateu".
Primeiro eles ensaiaram com o Rodrigo fazendo o papel dele, para eu observar, analisar, relembrar e depois passarmos toda a peça comigo fazendo o papel. "M.E.D.O."
Eles já realizaram mais de 40 apresentações da peça, então o material flui com mtamta facilidade - então era hora de arregaçar minhas mangas e entrar na energia do grupo.
Logo na primeira cena eu erro toda a marcação!!! Eles me orientam, mas nesse exato momento sinto aquela "volta à escola", onde estamos numa turma nova e não queremos errar e logo no primeiro erro a vontade de sair correndo é a maior. Com a mesma velocidade que essa vontade de fugir vem, eu mando ela embora.
CORAGEM MÁRCIO!!!
Eu não sabia o texto direito, mas conhecia a cena - improvisa!!! Joga com teus novos colegas!!!
E a partir daí o ensaio começou a ficar extremamente prazeroso.
Como o personagem é um velho meio biruta, eu fazia meus esquecimentos virarem parte do personagem. As vezes ficava bom, outras eu passava da medida. Mas deu pra sentir um pouco do que o personagem pode ser.
No domingo a UEBA tinha apresentação da "Megera" em Montenegro e fui junto para conhecer mais do funcionamento da peça, mas dessa vez ao vivo.

Aqui, devo acrescentar um comentário sobre a organização da cidade de Montenegro. Que cidade mais organizada, educada, mesmo com frio muitas pessoas foram assistir. O local da apresentação foi na antiga estação férrea da cidade - muito parecida com a nossa. Porém, essa estruturada - inclusive com camarins subterrâneos interessantíssimos - para oferecer um espaço de qualidade para apresentações artísticas. PARABÉNS Montenegro!!!

Voltando à peça, as vezes eu me divertia assistindo a peça que esquecia de analisar e observar. Meu maior desafio será relembrar de marcações precisar e extremamente necessárias p/ a peça. Todos eles possuem uma linguagem corporal muito bem definida de seus personagens, e eu ainda coloco muito exagero no que faço - ficando um pouco fora de sintonia. E, o maior de todos, estabelecer uma conexão com o público usando máscara, num palco de arena, na rua.
Desafios e oportunidades!!!
(Figurino do "Batista", personagem do Rodrigo, que irei substituir)

Essa semana irei sugar tudo do texto e do DVD da peça, pois quarta teremos ensaio e eu quero arrasar!!! Hehehehehe.....

Até a próxima!!!

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