Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Diário online do ator Márcio Ramos - relatos, pensamentos, agenda, críticas...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

"A Megera Domada", do Grupo UEBA, no FILO

Nesse último final de semana viajei para Londrina - PR, no FESTIVAL INTERNACIONAL DE LONDRINA, com o Grupo UEBA Produtos Notáveis (eu ia escrever "produções" só pra incomodar...hehehe).
                                                  (Ju, Aline e eu arrumando o cenário)


Vou relatar brevemente como foi a experiência lá - meus últimos posts estão ficando mto grandes!
Viajamos na sexta-feira de tarde, durante 15 horas, para chegarmos ao destino.
Na manhã de sábado já tínhamos marcado uma apresentação em Cambé. Lá, nos reunimos com o diretor da peça, Jessé de Oliveira. Eu estava mega nervoso, pois seria minha estreia na peça. Antes da apresentação em Cambé, o Prefeito da cidade e a Secretária de Cultura estavam presente para nos recepcionar e fazer a abertura da peça. Quanta diferença de tratamento, não? Cheguei a pensar: "Nossa, a Secretária de Cultura está aqui? Meu Deus!"... Vai ver estou mal acostumado...Hehehe!
                                         (Eu, no papel do Sr. Batista, segurando a Bianquinha)
Durante a apresentação, graças a Deus não errei nada! Eu tava com tanto medo de dar um branco e esquecer alguma cena. Mas logo após a apresentação, o Jessé veio falar comigo sobre algumas correções de execução. Comentou da projeção da minha voz, mesmo que com máscara trancando a respiração fosse bem difícil falar alto com uma voz diferente, teria de aumentar o volume. Falou também da construção corporal do personagem que eu estava substituindo, o Seu Batista - um velho. Jessé me disse que eu estava representando ele de maneira mto real, e na comédia dell´arte é uma brincadeira de códigos p/ retratarmos esses personagens típicos desse gênero teatral. Ex.: Eu andava com uma bengala, mas apoiando meu corpo de verdade nela, como se eu (o personagem) realmente necessitasse da bengala. Errado! O corpo do velho já existe, a postura dele já existe, o ator não precisa "sofrer" fazendo ele. A ator brinca fazendo ele.
Achei mega interessante! Ignorância da minha parte, mas eu não sabia disso... O Jonas até havia comentado algo nesse sentido, durante os ensaios, mas no nervosismo de colocar tudo pronto e apresentar, deixei algumas coisas de lado.
No domingo teríamos a segunda apresentação, numa praça da cidade. Seria minha chance de colocar em prática as coisas que Jessé havia me passado. Mas daí aconteceu algo mágico! Começou a acontecer Teatro!
Nessa apresentação eu parei de me preocupar comigo, e passei a fazer mais parte do grupo, do elenco (acredito que os outros atores tbm sentiram essa união). Haviam aproximadamente umas 1.000 pessoas paradas na roda para assistirem a peça. Imagina a pressão?

Eu lembro de um momento em que estávamos parados em círculo, na calçada da praça, esperando o momento para nos aproximarmos e iniciarmos a peça. Estavam eu, Jonas, Aline, Joe, Bruno, Fernando e Juliana nos olhando, nos concentrando. Aquilo nos alimentou de tanta confiança! Foi uma sensação MTO boa!
Quando começamos a caminhar em direção a multidão, parecíamos soldados marchando de cabeça erguida. Os atores estavam entrando em ação!
A apresentação não poderia ter sido melhor. Talvez uma das melhores experiências em cena, de toda minha loooooonga (rs) carreira.
                                                    (Joe, vulgo "Tranio", e eu em cena)
Consegui sentir o personagem, mas brincar com o que ele representava, deixando meu corpo completamente disposto p/ a cena. Antes de começar a peça, visualizei pontos distantes para os quais eu iria direcionar minha voz, o que ajudou bastante. Consegui brincar com as cenas, com meus colegas, com o público.
Uma das poucas vezes em que me senti adulto no que faço. Era trabalho. Existia pressão. Mas me senti "fodão" por ter aceitado o desafio, topado, acreditado, errado, corrigido e, no fim, a sensação de prazer era total!
Na segunda-feira realizamos outra apresentação para os alunos da UEL - Universidade Estadual de Londrina. Estava mto quente, parecia que estávamos derretendo em cena, mas novamente conseguimos nos divertir e divertir o público com a peça.

Lembro que na viagem de ida eu estava bem quieto no onibus, não participando mto das brincadeiras do grupo, pq ainda faltava tempo p/ criar intimidade de grupo, de convivência mesmo.
Na volta.... ah!!! Na volta a história era outra. Eu já fazia parte daquele grupo.
Aqui voltei a relembrar como é difícil estabelecer contatos, conexões, amizades e confiança com pessoas novas... Mas como é mto mais difícil dizer "adeus" p/ elas!
Nossa, demorei uns dois dias pra me acostumar com meu dia-a-dia longe da galera.
Como foi a primeira vez que me aventurei sozinho em um outro grupo, sem nenhum outro amigo próximo, fez eu amadurecer  mto, mas fez eu me soltar tbm. Aprendi a voltar a ouvir, ouvir, ouvir. Confiar no olhar.
Foi lindo!

E por isso, queria agradecer MUUUITO todos do Grupo UEBA Produtos Notáveis! Esse grupo vêm metendo a cara, se arriscando, viajando muito. Suas peças não viram projetos engavetados depois de algumas apresentações. Em média, as peças deles possuem em torno de 70 apresentações (por peça)!
Lembro nos ensaios que o Rodrigo Guidini, o ator que eu substituí, demonstrou um profissionalismo que é difícil de se ver. Ele ensaiou comigo, se preocupou com a qualidade da peça, me guiou, me entregou o mateiral de construção dele e disse: "Te diverte!" - Nossa!!!! Não é sempre que vemos isso...
Sem contar que a galera é mega divertida. Adorei conviver mais com vocês!
E, como eu já disse: QUANDO TIVER OUTRA OPORTUNIDADE, NÃO EXITEM EM ME CHAMAR!!!

Obrigado Jonas! Obrigado Aline! Obrigado Jessé! Obrigado Juliana! Obrigado Joe! Obrigado Bruno! Obrigado Fernando! Obrigado Motoristas (huahuahua)....

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