Para quem não conhece o grupo, ele nasceu no dia 01/03/2007, numa reunião com artistas de Caxias do Sul, interessados em se encontrar semanalmente para praticar excercícios relacionados com teatro/interpretação. Na reunião existiam atores com experiência e sem experiência - curioso é que essa seria uma das maiores características do grupo: sempre desenvolver trabalhos misturando atores já atuantes e atores iniciantes. A proposta, durante todo o ano de 2007, era trabalhar muito em aulas focadas na prática teatral (desenvolver e praticar todos aspectos relacionados com o trabalho de ator). O coordenador na ocasião era eu, Márcio Ramos, que nunca tinha dado aulas de teatro antes, só tinha experiência como ator. Estavam todos ali dispostos a encontrar a energia desse grupo - que ainda nem era um grupo.
Entre diversas atividades, quase montamos a peça Deus (de Woody Allen). Mas entre dificuldades com a liberação do textos e a frustração dos envolvidos com os ensaios (confesso que o texto é ótimo, mas não era aquilo que eu queria que fosse minha primeira direção), sem duvidas essa minha insegurança passou para o elenco e resolvemos cancelar os ensaios. Que início promissor!!!
No ano seguinte, prometi para todos que continuassem no grupo que eu iria desenvolver algo que fosse meu, que me atraísse a ponto de querer desenvolver a direção, e no início de 2008 começamos os ensaios da peça que, temporariamente, se chamaria "Fragmentados". Num entra e saí de elenco, encontramos nossa tão sonhada "energia de grupo" com a estréia da peça "PARANOIA (Sit Down Comedy)", escrita e dirigida por mim.
O elenco era composto por: Aline Marcon, Camila Cardoso, Douglas Trancoso, Gabriel Leonardelli, Márcio Ramos, Micaela Rossetti, Rachel Zílio e Tefa Polidoro. Na contra-regragem tinhamos Marçal Salatino dos Reis, na iluminação Matheus Brusa e na sonoplastia Vinicius Padilha e Gabriel Zeni.
A primeira inspiração para a criação da peça foi quando o Gabi Leonardelli me contou que a Coza (primeiro apoiador do grupo) estava interessado em trabalhar conosco, quando questionei com o que eles trabalhavam o Gabi me contou que entre objetos e utensilios, eles tinham uma linha de luminárias - e isso me iluminou na hora - juro que me veio uma imagem de um palco lotado de luminárias penduradas, e com essa imagem em mente comecei a desenvolver os textos. Os textos eram fragmentos de sentimentos e situações de pânico, isolamento, solidão, tristeza. religião, sexualidade, ironia, preconceitos... Um verdadeiro "vômito" de questões que sempre considerei "questionáveis". A proposta era encomodar. Falar o que quase ninguém mais falava... Era fazer um teatro contestador. Meu método de construção dos textos era misto: alguns textos eu escrevia de próprias experiências minhas, justamente em momentos de crise pessoal onde colocar meus pensamentos no papel era quase que terapeutico; outros textos eu usava das minhas técnicas de improviso (visto que eu já trabalhava há 07 anos como ator), que consistiam em eu criar um hambiente para um personagem (colocava músicas que representassem a energia do que eu desejava ser aquele personagem, sentava no chão frio ou na cama cheia de cobertores, me fazia entrar realmente naquela personagem - antes mesmo dela existir - e deixava ela falar, ou escrever). Eram momentos mágicos pra mim.
Quando começaram os ensaios, como os textos era pequenos monólogos, eu ensaiava individualmente com os atores nos mais alternados horários (na época eu não trabalhava, o que facilitou muito), e nas quintas-feiras nos encontrávamos todos para praticar e mostrar aos outros colegas o que estava sendo criado individualmente. Ficamos desde março de até outubro de 2008 montando e ensaiando a peça. No início eu não estaria no elenco (já achava ousado demais eu fazer minha primeira direção com textos meus), mas quando um ator não pode mais participar dos ensaios devido horários pessoais, eu resolvi substituí-lo.
Peça estruturada, montada e ensaiada - era momento daquela galera que estava a meses ensaiando subir ao palco. Tínhamos 05 atores novatos e 03 atores que já trabalhavam anteriormente com teatro. A estréia foi um dos dias mais "estranhos" - eu nao sabia se eu cuidava dos atores, ajudava na técnica, cuidava da minha preparação de ator... Fiz um pouco de cada um e quase nada de nenhum deles... Foi no seco mesmo! O que ajudou muito foi o pessoal ser de extrema boa energia e a galera da técnica ser extremamente profissional. Um conjunto de amigos/artistas realmente interessados em fazer essa peça dar certo. E deu! Deu muito certo!
*
Entre alguns comentários de amigos e de pessoas que foram assistir a peça na estréia, lembro que ouvi as pessoas dizendo que não parecia ser uma estréia de uma peça, muito menos a estréia de atores novos. Algumas pessoas me perguntavam ser relamente era eu que havia escrito os textos... Enfim, era o início de um sonho se realizando... o início de um grupo independente formado por pessoas interessadas nos processos de criação do teatro e, é claro, se divertir muito durante esse processo!!!
Depois da estréia em novembro de 2008, assistimos a filmagem e resolvi alterar algumas coisas. Nesse processo, entraram no elenco da peça o Gabriel Zeni e o Vinicius Padilha, a Tábata Faé e Bruno Agostini entraram na sonoplastia e o Guilherme Camelo entrou na contra-regragem.
*Em breve relataremos mais sobre as outras peças do grupo, além dos relatos dos outros membros do grupo.
Abraços,
Márcio Ramos
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